segunda-feira

Sombra

Triste fado que me acompanha
me persegue
inundando as minhas veias de ilusão
esperança
que me consome
mesmo sabendo que estou só
e mais ninguém
nem um outro caminho
é possível

desvaneço

triste fado que é o meu

sábado

A (minha) casa

Em cada passo te sinto
em cada esquina voltas no meu sentido
em palavras não te consigo dizer
porque tu, só tu és assim

As tuas ruas são os meus corredores
os teus jardins são o meu palácio
de cristal
e na varanda me sento
vejo o rio
que é d'oiro
desaguando numa foz sempre solarenga

tu só tu, és a minha casa
nela me encontro num caminho
que nunca acaba
até ser dia nesta ribeira

tú só tu, és o meu
porto

domingo

Começar de novo

é difícil encarar esta tela branca
é difícil saber que ela se vai encher
de palavras que não quero ler

não sei por quanto tempo vou estar assim
por enquanto aproveito para ser
para fazer
aquilo que eu nunca fui
um retrato aberto em todos os lados
um murmúrio que não se aguenta
não se deixa estar

por enquanto estou aqui
amanhã não sei