Sombra
Triste fado que me acompanha
me persegue
inundando as minhas veias de ilusão
esperança
que me consome
mesmo sabendo que estou só
e mais ninguém
nem um outro caminho
é possível
desvaneço
triste fado que é o meu
no meio termo entre a poesia e a tentativa
Triste fado que me acompanha
me persegue
inundando as minhas veias de ilusão
esperança
que me consome
mesmo sabendo que estou só
e mais ninguém
nem um outro caminho
é possível
desvaneço
triste fado que é o meu
Em cada passo te sinto
em cada esquina voltas no meu sentido
em palavras não te consigo dizer
porque tu, só tu és assim
As tuas ruas são os meus corredores
os teus jardins são o meu palácio
de cristal
e na varanda me sento
vejo o rio
que é d'oiro
desaguando numa foz sempre solarenga
tu só tu, és a minha casa
nela me encontro num caminho
que nunca acaba
até ser dia nesta ribeira
tú só tu, és o meu
porto
é difícil encarar esta tela branca
é difícil saber que ela se vai encher
de palavras que não quero ler
não sei por quanto tempo vou estar assim
por enquanto aproveito para ser
para fazer
aquilo que eu nunca fui
um retrato aberto em todos os lados
um murmúrio que não se aguenta
não se deixa estar
por enquanto estou aqui
amanhã não sei